Olá, leitor!
Faça um exercício: pergunte a seus colegas professores, coordenadores pedagógicos ou diretores quais são as aplicações da tecnologia na Educação. É provável que as respostas indiquem máximas como “ser aliada do professor na construção do conhecimento, permitindo que ele assuma o papel de mediador”
ou “ser um meio de falar a linguagem do jovem”. Embora eu acredite que a
tecnologia realmente permita aos professores assumirem novos papéis e
estimule o interesse dos alunos pelos estudos, provavelmente ninguém na
enquete ressaltará outra função bastante relevante: o de ferramenta de
gestão pedagógica.
Acredito que a tecnologia deva ocupar um
lugar central tanto no chão da escola quanto no planejamento e na gestão
pedagógica, principalmente na rede pública. Comecemos pelo chão da
escola: um estudo do ano passado do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) sobre a introdução da tecnologia em escolas da
América Latina, Índia e China revelou que os resultados mais
significativos, com 17% de melhoria nas notas, vieram dos projetos de
aprendizagem personalizada. Segundo o BID, eles “forneciam softwares
usados para identificar, por meio de testes, em quais tópicos da matéria
cada aluno tinha mais dificuldade e ofereciam atividades para superar
as deficiências, como videoaulas”. (Leia sobre o estudo na reportagem Lentidão na sala de aula, no site da revista Exame.)
Inteligência artificial e personalização
Exemplos dessa aplicação são o Geekie Lab e a Khan Academy. A cada interação do aluno – ao ler textos, assistir a vídeos e realizar atividades ou avaliações –, a inteligência artificial do Geekie Lab, por exemplo, “entende” melhor o perfil do aluno e gera planos de estudo personalizados. Se o estudante demonstra domínio de um determinado tópico, a plataforma sugere para ele assuntos mais complexos. Se tem dificuldades nas atividades, ela o remete para assuntos anteriores que são pré-requisitos para a compreensão daquele tópico.
Exemplos dessa aplicação são o Geekie Lab e a Khan Academy. A cada interação do aluno – ao ler textos, assistir a vídeos e realizar atividades ou avaliações –, a inteligência artificial do Geekie Lab, por exemplo, “entende” melhor o perfil do aluno e gera planos de estudo personalizados. Se o estudante demonstra domínio de um determinado tópico, a plataforma sugere para ele assuntos mais complexos. Se tem dificuldades nas atividades, ela o remete para assuntos anteriores que são pré-requisitos para a compreensão daquele tópico.
Com relatórios que indicam de forma precisa o estágio de conhecimento
de cada aluno, o professor pode realizar o sonho de todo educador: dar
atenção personalizada, mesmo em turmas grandes. Ruth Correa,
coordenadora pedagógica da EE Jardim Riviera, em Santo André, na região
metropolitana de São Paulo, nos contou um exemplo interessante do uso da
plataforma em sala de aula: “O professor de Matemática estava ensinando
matriz, conteúdo que exige, no mínimo, quatro ou cinco aulas. Numa
delas, enquanto trabalhava com um grupo de alunos com mais dificuldade
nesse assunto, os outros assistiam a videoaulas”, disse. “No final,
todos corrigiram juntos os problemas, discutiram as questões e o
professor resolveu alguns deles na lousa.”
Do ponto de vista do coordenador ou do diretor, as plataformas
fornecem uma visão panorâmica. É possível enxergar padrões de desempenho
por turma ou unidade e investigar por que uma classe ou escola de uma
rede tem rendimento maior em, digamos, Matemática – ou em assuntos
específicos, como equações de 2º grau. Assim, é possível descobrir
práticas bem-sucedidas dos professores e replicá-las.
Nível macro e ID digital
O ideal é que esses usos dos dados caminhem com subsídios para decisões macro, tomadas por gestores de grandes redes, como secretarias de Educação – algo já discutido em outros países há alguns anos. No artigo Creating Data Driven Schools (Criando Escolas Orientadas por Dados, em tradução livre), os especialistas americanos Penny Noyce, David Perda e Robert Traver citaram o caso de um grupo de escolas públicas de Massachusetts, nos Estados Unidos, que identificou em exames estaduais uma correlação estreita entre a fluência na escrita e o desempenho em Matemática, Ciências, Língua Inglesa e Artes. As autoridades criaram uma escala de oito níveis de leitura/escrita para o professor classificar os alunos nas avaliações e orientaram as escolas a desenvolverem projetos especiais com aqueles que apresentaram mais dificuldade. Depois, definiram como meta reduzir em 25% por ano o número de estudantes classificados no nível mais baixo da escala.
O ideal é que esses usos dos dados caminhem com subsídios para decisões macro, tomadas por gestores de grandes redes, como secretarias de Educação – algo já discutido em outros países há alguns anos. No artigo Creating Data Driven Schools (Criando Escolas Orientadas por Dados, em tradução livre), os especialistas americanos Penny Noyce, David Perda e Robert Traver citaram o caso de um grupo de escolas públicas de Massachusetts, nos Estados Unidos, que identificou em exames estaduais uma correlação estreita entre a fluência na escrita e o desempenho em Matemática, Ciências, Língua Inglesa e Artes. As autoridades criaram uma escala de oito níveis de leitura/escrita para o professor classificar os alunos nas avaliações e orientaram as escolas a desenvolverem projetos especiais com aqueles que apresentaram mais dificuldade. Depois, definiram como meta reduzir em 25% por ano o número de estudantes classificados no nível mais baixo da escala.
O mais importante é que o uso de dados pode ser aplicado a qualquer
área. O estudo cita outra possibilidade fascinante: a criação da
identificação digital (ID) do estudante. Isso daria a professores e
gestores acesso à trajetória do aluno, o desempenho em todas as provas
já realizadas – um software pode gerar relatórios dos seus pontos fracos
e fortes ao longo da vida escolar –, o histórico disciplinar e até o
familiar. Assim, uma escola de Ensino Médio que recebe um aluno do
Fundamental 2 não vai mais se deparar com um ilustre desconhecido. Ela
pode, por exemplo, montar um planejamento individual antes do início das
aulas para ajudá-lo no percurso de aprendizado.
No centro do processo
Embora eu admita que parte do que abordei aqui está distante da realidade atual da maioria das escolas brasileiras, vamos olhar o copo meio cheio: as plataformas já estão aí, ajudando alunos de algumas redes públicas, inclusive na preparação para o Enem. E as aplicações mais sofisticadas virão, com certeza, em velocidade diretamente proporcional à pressão de educadores para que sejam adotadas. O essencial é enfatizar a mensagem de que a tecnologia está no centro do processo de modernização do ensino para o século 21. Encará-la como perfumaria é, definitivamente, subestimar seu potencial de transformação da Educação.
Embora eu admita que parte do que abordei aqui está distante da realidade atual da maioria das escolas brasileiras, vamos olhar o copo meio cheio: as plataformas já estão aí, ajudando alunos de algumas redes públicas, inclusive na preparação para o Enem. E as aplicações mais sofisticadas virão, com certeza, em velocidade diretamente proporcional à pressão de educadores para que sejam adotadas. O essencial é enfatizar a mensagem de que a tecnologia está no centro do processo de modernização do ensino para o século 21. Encará-la como perfumaria é, definitivamente, subestimar seu potencial de transformação da Educação.
Um abraço,
Claudio Sassaki
Claudio Sassaki
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/blogs/tecnologia-educacao/2015/07/21/tecnologia-no-centro-da-gestao-pedagogica/
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