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domingo, 26 de julho de 2015

Para o que serve o ENEM?

Ouvimos especialistas em Educação para esclarecer dúvidas freqüentes em relação ao Enem


26/05/2015 18:56
Texto Marina Azaredo e Camilo Gomide 
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/pra-que-serve-enem-470728.shtml
 
 

O que o Enem avalia? Podemos medir a qualidade de uma escola pelo desempenho de seus alunos na prova? Ele é um bom parâmetro para avaliar a Educação brasileira?

As mudanças recentes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), anunciadas pelo governo, provocaram polêmica em torno da prova e de seus objetivos. Muito tem sido dito sobre o exame do ensino médio, mas ainda faltam definições concretas, o que tem causado confusão em estudantes, pais, professores e profissionais da área. Uma das distorções mais frequentes ocorre quando a nota dos alunos no Enem serve de base para a criação de rankings de escolas.

Para entender melhor os propósitos do exame e as conseqüências da transformação da prova, o Educar Para Crescer consultou três especialistas em Educação. Nas questões abaixo, o sociólogo Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, o professor da faculdade de Educação da USP Nelio Bizzo e o coordenador de vestibular do Colégio Bandeirantes, em São Paulo (SP), Osmar Antônio Ferraz*, ajudam a esclarecer algumas dúvidas sobre o Enem.


*A entrevista original desta reportagem foi realizada em 2009, mas as informações foram atualizadas. Osmar Antônio Ferraz faleceu em 08 de maio de 2015. 

1. O que o Enem avalia?
Simon Schwartzman: A prova do Enem avalia, sobretudo, habilidades gerais dos alunos que estão concluindo o ensino médio. Ao invés de cobrar conteúdos específicos, como no tradicional vestibular, o exame analisa a capacidade de leitura, interpretação de texto e a aplicação de conceitos dos estudantes.

Nelio Bizzo: O Enem foi proposto inicialmente para aferir a capacidade de raciocínio dos alunos, na tentativa de diminuir as desigualdades entre estudantes de escolas públicas e particulares. O modelo, no entanto, tem se mostrado muito mais eficiente para medir o nível de leitura e interpretação de textos dos candidatos do que o raciocínio. A habilidade leitora é muito mais desenvolvida pelas classes mais privilegiadas, que possuem acesso maior à escolarização e bens culturais.
Simon Schwartzman: O exame não avalia o conteúdo específico da aprendizagem. Não verifica se o aluno aprendeu o que o currículo do ensino médio deveria ensinar. Isso tem a ver com o fato de que, no Brasil, nós não temos um currículo muito bem definido. Alguns países têm uma grade curricular muito mais estruturada. Os alunos, ao final do ensino médio, têm que saber determinados conteúdos de matemática, geografia, história, etc. No Brasil, isso não é bem delimitado. Temos alguns parâmetros curriculares, mas eles são muito vagos. E o Enem não mede isso. Portanto, é impossível saber se os alunos estão aprendendo e o que eles sabem.

Osmar Antônio Ferraz: Ao contrário dos vestibulares, o Enem não avalia conhecimentos específicos de maneira aprofundada. Mas não é verdade que ele não o faça: esses conhecimentos específicos são abordados de maneira interdisciplinar.
 

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